terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Você meu amor!
Olhei para mim. Olhei para dentro de mim.
Bem dentro de minha alma.
Todo meu ser foge de ti, Rejeição é o que sinto,
Uma tristeza amarga, não sinto a pureza de antes, a entrega.
As vezes sinto que o amor não alimentado, ele morre.
Sinto que tudo passa, tudo é transitório .
Doeu dentro de mim, saber que você senti o vazio,
mesmo sabendo que fazes parte de mim.
Doeu sentir que mesmo mi amando loucamente no desespero,
na ausência, na revolta, caminhava em busca de outros corpos,
tentando encontrar alívio a tanta dor.
Sem êxito. De volta a realidadese,
se entrega mais uma vez, arrependido,
sabe do quanto o amo.
Dói... Porque? Porque tudo é assim?
Mas mantemos a dificuldade em acreditá-lo.
Aceitá-lo. Encará-lo. Olhou-me nos olhos como quem olha
para uma certeza florescida em terra sã, bravia, indomável.
Percorreu o olhar por esse arbustos encadeados, robustos,
impenetráveis. Parou nos meus lábios, como sempre o faz.
Continuou. Atirou uma pedra de granizo frágil contra esse escudo sereno.
Eu acomodei-me à forma dessa interrogação’.
E naquela passadeira rolante deixei o meu coração saltar,
eclodir, serpentear, permiti que fosse o argüido de um julgamento sem juiz.
‘Tudo bem, está tudo bem’. Saí, parei.
Adormeci retoricamente em mim,
constatei essa tensão crescer exponencialmente por entre
os meus soldados guarnecidos a fel,
absorvi essa base e levantada de minhas defesas. Estagnei.
Estagnei. Nos nervos da minha subconsciência,
no vómito do dia seguinte.
E encontrei o meu coração vomitado em mil estilhaços
no vão de um recipiente qualquer. Tumultuado.
Não parado. Batendo cada vez mais compassadamente,
fora de mim. Desta feita, longe de mim,
paralelamente ao meu corpo.
Nada .não era o coração que doía porque o coração não dói.
Era mesmo o meu estomâgo,
esse âmago que trabalha horas por dia,
centrado bem debaixo do meu peito.
Era esse que mirrava, desaparecia, batia, pulsava.
Era aí que se sentia a efervescência do desencanto,
da desilusão, da dor desmembrada.
Sentido-lhe o desespero na emoção libertada,
fui obrigada a concordar.
Na competência da sua representação,
como se nada soubesse, senti-me reconhecida.
Como quem atravessa uma rua e é cordialmente cumprimentada
quando alcança o lado requerido,
‘Então tudo bem? Há quanto tempo!’.
Está tudo, tudo bem. Aqui do lado do meu coração.
E como as marés que abrandam e descem, concedendo vazão
a uma nova preia-mar, senti as ondas resvalarem do meu corpo,
levemente me abandonando, como que me afagando lentamente,
rebentando vagarosamente, espalhando a sua espuma
branca pelo meu peito, barriga e coxas.
Senti o equilíbrio bater à porta da minha tensão
e aguardar tranquilamente a abertura dessa muralha.
Senti-o penetrar e dissecá-la, docemente, quase sem se notar.
De um momento para o outro.
Tal e qual a minha bipolaridade me permite.
Contudo senti acima de tudo, que podemos
ser totalmente direccionados, consumidos e digeridos,
por essa máquina egoísta que é a nossa orgânica existencial.
Que todos os órgãos que constituem o nosso corpo se unem,
como numa orgia musical, e se sistematizam num musical periódico,
melódico, harmonioso. Onde a nossa racionalidade
é apenas conduzida a ouvi-lo, inocentemente,
incoerentemente, impotentemente.
Como mera espectadora de si própria.
Como mera observação de um reflexo no espelho.
"Uma paixão avassaladora que me consumiu o espírito".
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