quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ilusão



















Sinto uma dor profunda no lado esquerdo quando desperto.
Imagens difusas. Entregas que não sucedem. Fim que não acontece.
Ilusão que não me envolvem nos segundos. Horas contínuas.
Minutos em passadas lentas. Como se fosse parar. Para o tempo.
Parar o desejo. Parar o querer. Antes me deixava inquieta.
Longa espera sem fim. Hoje. Hoje não espero mais, tudo vai lento.
Como o tic tac dos minutos, Meu querer vai se evaporando,
esvaindo. Horas e horas você não vinha. Fechei-me para o mundo.
Fechei-me para ti. Sinto-o longe, apagando,disolvendo,
diluído nos minutos que vai acompanhando os segundos sem conta.
Exorcizar. Escrever. Libertar. É isso que eu faço.
Dói-me o coração como se tivesse equilibrada numa idéia e emoção,
Dói-me por detrás das costas da minha consciência de sentir.
Sinto-me a margem de um precipício. De passada a passo incerto.
E um deles acerta o vazio, e caio.
Como se fosse a qualquer momento transportar-me da realidade...
Aos sonhos... As dimensões...Ao vazio.
Tudo cresce, cresce, morre. É um ir e vir de vidas.
Eu apenas olho,olho sem sequer entender. Porque estou aqui?
Do que faço parte? E as vezes é como se eu também crescesse,
cresce,torna-se autônoma. Todavia eu não consigo.
Fico ali no limiar. A subir, subir, por entres escarpadas,
brilhantes. Mas nunca alcanço o topo. O topo. O topo.
Olhar perdido. Sinto sua essência no ar. Estendo as mão,
quase posso toca-lo. Revejo-me em passos lentos.
Fecho os olhos, Sinto-o distante, sinto-o presente.
Me persegues. Seus grandes olhos nos meus.
E por momento tudo se funde. No entrelaçar de mente e corpo.
É como se quando estivesse ali,e contorcesse suplicante,
estivesse não mais que a comunicar etereamente, no ar, no olhar.
Como se só pudesse ser assim. Já nem se trata de conseguir ser.
Só pudesse ser assim. E depois recolho-me,
escondo-me atrás da sua imagem em mim. Já não é meu escudo.
É como se eu conseguisse desencarnar,desconectar de ti.
E tu deixaste de ser uma mera imagem, e eu fosse apenas eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário