segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

This was not my place ...


O relógio marcava 23h56min, quase meia noite. Olhei a travez do vidro para fora só via vultos. Subitamente todo o meu corpo estremeceu. Eles riam animadamente, mas eu, entretanto começara a perder-me no meu abismo existencial. O cinto apertava-me, sufocava-me, o peito explodia.
Voltas e voltas. Tudo revirou, ouvia vozes longes, Risos e felicidades partilhadas. Eu rira forçosamente. Mesmo ao teu lado muitas vezes entrava num processo de demência espiritual. Cada minuto pesava-me, senti a pulsação a acelerar e a temperatura a subir. Não conseguia respirar. As curvas continuavam. Abri o vidro o mais possível e tentei respirar. Não conseguia expirar. Arvorem perdidas na escuridão da noite, atalhos silenciados por placas informativas e, sobretudo o silêncio de cortar a respiração. Não conseguira proferir qualquer palavra. Agradeci de cada entranha incendiada do meu ser. Minuto a minuto, acumulavam-se todas as frustrações, todos os devaneios, a vontade de ceder e deixar-me cair no abismo a baixo, sentia demasiada tensa. Como que a explodir por entre roupas exagerada.
O vento entrara calmamente e tentava-me acalmar em vão cheguei e não tinha palavras para dizer nada. Entrei, fechei a porta.
A luz da lua iluminava tenuemente o quarto. Desenhavam-se sombras da minha desarrumação que agora me causava claustrofobia. Corri para o parapeito, inclinei-me, queria fugir de toda aquela confusão de mente, não agüentara sequer olhar para cima nem para baixo, senti que Deus me fazia tanta falta naquele momento. Senti que tudo foi apenas um sonho só meu. Loucura, obsessão tinha que tirar tudo de mim, apagar, eliminar cada pedacinho seu em mim.
Sentei-me. Bebi o copo de água, olhei desesperadamente, media-a. Era inevitável, teria que me deixar levar. Mesmo assim ainda tentei resistir, só que as forças falhavam-me. Todo aquele momento estava por vir, é minha condenação infame. Fui à cozinha, tomei o comprimido. Acendi a luz e observei. Acabei por desviar apenas algumas peças de roupa misturadas e sentei-me novamente. A febre subia exponencialmente no pensamento de cada minuto daquele dia.
O calor invadia-me agonizante enquanto me sentia cada vez mais fria
e vestia roupas em cima de roupas.
Rolei no chão tal como me apetecera horas antes naquele circuito de alienação.
Tudo me doía cada vez mais, era impossível agüentar sequer,
pesava-me como se eu dominasse mais, não existisse no meu corpo,
não conseguia já sequer pensar. Então me deixei ir e expeli tudo aquilo que me consumia.
Os enjôos apertavam-se contra o meu peito, apelei aos meus impulsos e vomitei. Vomitei tudo que há meses vinha me destruído, mi machucando.
Tudo que não me permitisse inspirar, saira agora. Só que permaneciam os resquícios da minha insensatez. Porque agora, naquele dia eu deixara-me atingir? Porque naquelas horas eu perdia o controle sobre algo que sempre me pertenceu? Porque eu estranhava o meu redor? Cada vez mais escorregava,
impelida para um vácuo de afeto inexistentes. Não conseguira compreender que tudo não passava de um encontro, de momentos, de uma peça que o próprio destino cruel me pregou.
Mantinha o desespero que me suplantava para a dimensão da solidão.
Mi tirando a realidade que eu era feliz, se sempre foi, me empurrando para um mundo do qual nem sei se me pertencia, sinto que não, esse nunca foi o meu lugar, não conseguira acreditar. Simplesmente as peças não encaixavam como num puzzle. Permanece serena, conseguindo ouvir o aumentar de cada ritmo cardíaco, o elevar de cada décima de grau, conseguia até sentir todo o meu corpo a pulsar. Pensara em ti, invariavelmente vinha-me a cabeça.
E pela primeira vez senti repulsa no desejo que emanava de cada partícula minha Sentia nojo por desejar-te a ti em toda a tua dimensão Não por ti. Por mim. Caí subitamente. Procurei afoita. ‘Onde esta?!?’, já não agüentara o peso do copo e deixei-o estilhaçar-se no chão.
Encontra-lo finalmente. Não, não precisava mais, não precisava de mais nada nesse momento as lagrimas caíram levadas pelas enchentes que se desprendiam dos meus olhos. Olhava aquele quarto, aquele silêncio, escutava-o indignamente, percorrendo momentaneamente o vicio da minha loucura.
A balança, o equilíbrio. Ali era o tudo ou nada. Era o sono que desaparecia, eram as luzes que se apagavam, a não-entrega, o não-acto, o fugir constantemente, o evitar O pensar. E se? Talvez eu não conseguisse encarar Talvez fugisse mais uma vez para o vão solitário das minhas memórias e cedesse ao medo. Talvez acontecesse. E depois? Irias compreender o como e o porquê? Gritei, destruí, sacrifiquei. No fim dos 6.37 conseguira finalmente inspirar e expirar. Levantara-me, circundei cada patamar fechado, cada subdivisão de mim, cada injustiça que inconscientemente cometia. Mesmo sabendo como tudo iria acabar. Exorcizei os fantasmas que me possuíam e rendi-me a mais uma etapa. Encerrei a frustração em direção ao nada e adormeci, sentindo num estagio entre o sonho e a realidade, silenciando os demônios que rodeiam a minha existência. Agora sinto-me livre. Uma paz que a mais de ano não encontrava paz que havia sido tirada, arrancada, Não entende porque Deus, mi colocou em seu caminho, se nada foi, se nada fez de bom, mi deixando a mercê do pecado, sendo que antes eu só vivia para Deus,
antes eu mi purificava todos os dias, e hoje quase que mi perco. Olho para o Céu e só uma pergunta eu repito: Porque Deus? Porque Deus?? Porque??
Talvez pra resgatar erros de vidas passadas. Se for hoje me sinto livre, sem culpa alguma. Hoje me sinto com vontade de recomeçar, de seguir meu caminho sem olhar para traz. Hj sinto vontade de mi redimir, de corrigir cada erro cometido por mim e por ti. Fecho os olhos mais uma vez, e sinto a noite silenciar, nem um ruído, e de repente sinto leve, levitando, levitando, ate sumir de mim mesma, num sono profundo, onde desejaria nunca mais acordar. A noite vai, a luz vem o Sol forte penetra ultrapassando o vidro frio, que agora se aquace, Sol que aquece meu corpo que há horas e horas permanecia gelado, sinto o calor invadindo, sinto vontade de seguir em frente, e ser feliz. Recomeçar, só isso agora vem em minha mente ainda perturbada, recomeçar, e recomeçar.

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